Luto – Ritualizar nossas perdas é fundamental para elaborar a morte de quem amamos
A humanidade vive, desde 2020, uma ameaça constante diante da pandemia de covid-19 . Isso porque muitos perderam aqueles que amam e tiveram de lidar com a ausência de avós, pais, filhos, amigos.
Na maioria dos casos, a possibilidade de velório foi descartada pelas autoridades sanitárias, como medida de proteção contra o coronavírus. Em novembro de 2021, a OMS descobriu a variante Ômicron, que preocupa especialistas pelo alto índice de contágio .
A antecipação do luto diante a pandemia foi grande causa de pânico e agônia.
Não poder ritualizar a morte, com a despedida daqueles que marcaram nossa vida, é um sofrimento em dose dupla. Os seres humanos precisam desses “marcadores de ciclos” para elaborarem a perda.
O luto considerado “saudável” consiste em cinco fases: negação e isolamento; raiva; barganha; depressão e aceitação. É claro que isso vai depender de muitas variáveis e de como funciona o aparelho psíquico da pessoa. A questão que é comum: não é possível ignorar o problema.
Alguns ficam fixados na negação. Então, aí, podemos pensar em “luto complicado”, aquele que pode evoluir para uma depressão agora ou, até mesmo, anos depois. Por exemplo: um marido que perde a esposa pode se manter “forte” para não provocar um sofrimento intenso nos filhos.
Porém, alguns anos depois, pode apresentar uma revolta “sem motivo aparente” ou dinâmicas que prejudicam o relacionamento com outras pessoas.
A psicoterapia ajuda o paciente a elaborar o luto, respeitando o tempo, e resinificando tabus em relação à finitude da vida. Algumas estratégias também podem ser propostas para ritualizar e dar significado ao que está acontecendo.
Texto por Camila Tuchlinski.